Sempre que estive morto, ao abrir os olhos,
O precipício era o que me trazia esperança,
À desaparecer todos os pesados desconsolos
Que faziam cruzar as mãos de sua lembrança.
Um mundo a desmoronar dentro do oco crânio
Onde se ofusca o sismo, a escutar as vozes
Dos demônios íntimos, libertos do manicômio
Em que se enclausuravam tais amores ferozes.
Aos poucos o belo ressurgiu no necessário;
Tendo retornado a carne ao magérrimo corpo,
Reduto da miséria em versos ateada o fogo,
A lembrança descruzou suas mãos no ossário.
Era outra já. Sem de Shakespeare o gosto,
A cardíaca batida ungia vida: abra-se olho!
Autor: Lucas Vinícius da Rosa