As mãos moviam-se ávidas, trêmulas,
golpeando o ar de maneira drástica;
este mímico assim punha sua máxima:
vidas magníficas são vidas inteiras
Não essas existências já sepultadas,
em cuja lápide lê-se no frio mármore:
“Aqui jaz aquele que fugiu da morte,
e fê-lo pelo medo escuro da jornada!”
Nas empresas, punhado de amarguras
ocultam-se na promissória dos salários
enquanto salgam as horas e intervalos;
eis na sociedade outra vil escravatura
Seriam as vidas ordinárias uma luta?
E para quê um céu de esforço azulado
se são sanguinolentos os desgraçados
que não sonham, se em constante fuga?
São essas as atividades burocráticas
que enriquecem as almas?! Ora, seja
então minha alma vadia e ordinária;
e que urubus estraçalhem as cestas
Nas quais repousam carnes dilaceradas
ou seriam carniças de sonho apagado?
Visse eu tais asas negras lá no alto,
sonharia. Carne que sonha não estraga.
Autor: Lucas Vínicius da Rosa