Entre as divagações que ocupam a mente, não poucas, por sinal, ressaltam-se aquelas do espírito, ou da alma; ou, ainda melhor colocado até por aquele não versado em avançadas ciências morais, destaca-se aquilo que existe dentro de nós e não damos nome: nós mesmos. Uma porção de ótimos pensadores, e outra massa de infectante apatia de pensamento; para qual delas me voltaria? Bom, fiz-me com a face para ambas sem, no entanto, voltar uma delas para o abatedor, tendo já recebido o tapa noutra. Esses ensinamentos bíblicos não fazem séculos de aniversário em mim. Na primeira delas, dessas facetas eu digo, pus-me a ler o caos de outras mentes que compuseram orquestras belíssimas, em que aplausos foram suscitados à medida que os poucos espectadores eram coagidos, e moviam o mundo pela reflexão. Noutra, a segunda impressão, observava às massas em seus movimentos. Às vezes, guiavam-se silenciosamente, mudas, pelo mundo revelado por aqueles do primeiro grupo; aqueles que li. Em seguida, nada de se chamar povo à essa massa, nem de massa à esse povo, eu nada era; ou a conjugação presente informa que nada sou. Fosse eu Pessoa, ou carregasse um nome de Fernando primeiro, haveria uma tabacaria a preencher-me o vazio da existência. Entretanto, não sendo eu condecorado pensador, esses não se criam, surgem espontaneamente, e sequer um poeta de estilo, carreguei-me à janela, e redigi o que classificam de poema maldito das janelas da alma. Ei-lo aqui.
Autor: Lucas Vinícius da Rosa