Quando as fraquezas são qualidades

Weakness

Por que o martírio da fraqueza, se ela existe em todos nós? Por que o enaltecimento da força, se de profundezas trevosas e sombrias muitos de nós nos levantamos. Existe um questionamento a esse respeito que nos confunde. Ele se relaciona à insegurança mais íntima, ocultada com todos os esforços através das emoções aparentes — socializadas e expostas, não tão só para si, todavia para outrem. Mas não há, afirmo-lhes sussurrando em seus ouvidos, problema algum sem se sentir inseguro! A real, e talvez única fraqueza, é aquela de que se padece pelo não reconhecimento de si próprio. Força alguma surgira do forte (aquela imagem televisiva de famílias e atmosferas perfeitas, em cujos céus não há nuvens).

Nascentes de rios não nascem caudalosas; pelo contrário, em sua foz deságuam intensamente as águas antes calmas e, por que não, suaves e ingênuas. A fraqueza sobre a qual há tempos tentamos evitar é justamente aquela que nos traz a força. Não importa quantas fardas asfixiantes tenhamos de nos vestir, ou sorrisos forçados, ou continências obrigatórias tenhamos de conceder: nossa força reside integralmente apenas em nós mesmos. Alguns chamam a isso amor-próprio; outros, autoestima. E a estima ou o amor pelo que deveriam ser definidos? senão pela valente subjetividade da força existente dentro de cada ser. O menos letrado dos seres humanos é dotado desta mesma capacidade, que não se exprimi por palavras, nem por gestos, mas pela sua própria consciência: a única arma capaz de fazer surgir, desenvolver e mesmo assassinar o amor ou, sobretudo e mais importante, fazê-lo ressurgir como o sentimento esplêndido que é; desta vez sem bala alguma no tambor; e portanto sem ferimentos na alma.

Autor: Lucas Vinícius da Rosa