Existem determinados tipos de pessoas. Não como uma tipificação como estereótipo, mas como uma classificação mais subjetiva. Por exemplo, há aquelas extraordinárias pessoas com quem o tempo cessa. Não importa se ainda é escorrida, pelos ponteiros do relógio, uma temporalidade implacável. Quando com essas pessoas o entretenimento é tão intenso, e os sorrisos são tão espontâneos, quase como uma expressão genuína da alma, que firma-se, aquém do futuro e do passado, o próprio instante. Sem contradição, contudo, o instante ainda faz-se por durar muito. Cada palavra trocada, cada gesto, cada emoção tatuada no rosto, tornam um significativo ao outro. Isso irrompe uma saudação à humanidade, ao indivíduo outro, ao próximo. Por isso são repugnantes os misantropos; como poder-se-ia ter aversão à própria essência que lhes constitui? Hoje, embora deva dizer, para ser realista em meu ponto, que são raras tais pessoas, entendo que encontrá-las e tê-las é o que me impede de envelhecer, quase como se vencesse o tempo. Ainda que por um instante.
Autor: Lucas Vinícius da Rosa