Miro em seus olhos palácios perdidos
dantes não encontrados por esta fera
em que sou nestes corredores vívidos
porque retumbam as paixões ferrenhas
Dada a quimera desta vida implacável,
queima-me por dentro visitar-te o olhar
se não puder manter a estadia estável
dos braços que fazem mais que abraçar
Após os sabores envenenados provados
em refeições feitas em lábios atrozes
senti na língua as purezas disformes
de onde vêm seus néctares adocicados
Tombadas foram as estátuas do passado,
e elevada foste em escultura voraz tão
que fizera dum poeta um artista Aleijado
a moldar versos íntimos em pedra-sabão
“- Acalme-se, espírito infernal”, eu aviso
para mim próprio, com uma voz inebriante
“- Irás embargar o purgatório de Dante;
e viver nos palácios dos olhos de lírio!”
Autor: Lucas Vinícius da Rosa