Imagine-se a vida como um novelo. Emaranhado num punhado de fios, lutamos contra os nós. Rebate-se, em contorção aguda, de todas as direções da emoção, para que se desentrelace esse impactante jeito de ver a vida. Ventos atingem as faces, e roubam as lágrimas que conseguiram secar. Vi coisas dessas dias desses. Vieram-me choros enigmáticos, de pessoas que não conheço. Cometi este exercício para tentar ser vento, e tentar secar o seu pranto com meus beijos já inexistentes. Falhei pela circunstância, ou fora eu mesmo ela. Assim sendo, dei justificativas variadas. Nenhuma delas poderia ser definitiva, de modo que não confirmei minhas versões com perguntas. Não! Fiz sorrir. Gritei a primeira bestialidade que me viera a cabeça. Em poucos instantes, não havia motivo mais para investigação. Não ligo que tenham me caluniado sobre a vida, me alimentando com leite em pó e chá de continentes distantes. A ciência do desengano me permite, com obséquio, colocar sorrisos na tristeza dos lábios que falam pelos olhos. Se a vida enfia estacas em nosso peito, sem interrogar nossa reação, faço-me poeta de aço e trago-lhe estas palavras que embriagam o espírito. Neste mundo que lhe criei, moreno como os fios dos seus cabelos, derreti todas as pontas das facas. Quis garantir, para que você não mais chorasse, que não há sentimentos pontiagudos.
Autor: Lucas Vinícius da Rosa