Não quero me apaixonar,
Porque vi pássaros voando no céu.
Eles voavam em círculos,
Como se dominassem meu ar;
Estipulavam-me ruidoso escarcéu,
Atando-me belos, penosos vínculos.
Não quero me apaixonar,
Porque pássaros sumiram do céu,
Baixando seu antes altivo voo,
Como asas feridas a declinar
Em movimento místico e cruel
Para quem crê que se vinculou.
Não quero me apaixonar,
Porque jurei que se visse, assim,
Qualquer forma de presságio,
Volver-me-ia a face, em gesto negar,
Que há serenidade também para mim.
Sonhar duas vezes sonho fantástico.
Hoje quero me apaixonar,
Porque não importam os pássaros no céu,
Eles que voem ou morram com suas asas,
Porque é meu coração que deseja voar;
Sou eu o erro a se repetir ao léu.
Errar duas vezes é ao que dou graças.