Meu filho onde você está?
Vemos seu quarto vazio
e sua cama muito arrumada
a janela está aberta
e nosso coração sente frio
A magoa que nos foi oferecida
sempre como pais absorvemos
sofremos seu suplício de vida
e com dor te amamos nunca menos
sua imperfeição nos é sustento
Sentimos sua falta nos comodos
esta casa está muito escura
temos saudades dos consolos
que nossa mão clara em unção
ungia com afago sua úlcera
Você disse que havia ferido
e que o hábitat das feras
não pode ser entre os homens
contudo feras têm intensidade
e seu amor são vastas quimeras
Seus filósofos estão mortos
e sua filosofia lhe desfez
Mas você é filho vivo e…
antes que o acaso te arremate
amar-te-emos mais uma vez
Seu desejo incessante de voô
não sujou suas grandes asas
ainda que elas sangrem ao léu.
Pintem elas o céu de vermelho!
Mas que seja esse o nosso céu
Volte logo filho desgarrado
você é nosso prodígio ósseo
seu rosto é em nós fósseo
e nosso amor ama sua face
então nos tire desta catarse
Certas coisas não se explicam
o mundo é injusto naturalmente
todavia não seja conosco injusto
tenha acúleos que nos cortem
porém não deixe de nos cortar
Suas roupas estão ainda aqui
aguardando seu retorno porvir
ventos gelados nos maltratam
jamais possuímos tanto frio
somos hipotermias que choram
Por favor, volte…
Autor: Lucas Vinícius da Rosa