São apenas palavras. A lança que penetra no peito, no entanto, tem seu fio aperfeiçoado no tom de voz. Ora, porque tudo que cá existe carrega em si um tom; um volume cruel ou doce aos ouvidos seduzidos pelas notas musicais dos atos humanos. Se gritam amores ou sussurram crueldades, não o são, por isso, mais amantes ou tiranos. O tom de voz não carrega verdades! Também não amplifica o sentir — a mais sigilosa das percepções.
Eis a retórica ser a arte dos pulmões estufados e cheios de certeza. Se ao longe se avista outro sábio, de peito engrandecido, logo se lhe ouve o tom. Há esta sinfonia de modos de vida absolutos. Ecoa pelas esquinas e sinagogas de arquitetura moderna. Óh, mas são palavras tão só! E a potência humana parece erodir daquelas mais tristes. Porque a morte é ela própria uma palavra. Agora apontem-me um sábio que poupe sua voz ao referir-se a ela.
Autor: Lucas Vinícius da Rosa