Não faria diferença alguma se fosse agora, amanhã, daqui dois anos ou cinco décadas. Porque hoje, ao ver através do vidro semi-embaçado, posso olhar para o céu pálido e fazê-lo viver ou sepultá-lo em minhas intenções; mesmo que seja atividade de remuneração inútil. O céu não me responde às perguntas sobre a duração ou a importância do agora. Ainda assim, insisto meus olhos nesta visão. Porque há algo nela que me perturba o espírito, permitindo-me extrair algo único, que só eu próprio poderia fazê-lo sem auxílio de mais ninguém.
Ao passo que travam como brutos animais esta guerra, em linhas de giz facilmente apagável, no território em que pavões ilustram suas caudas incolores, estão todos disputando dentro da rinha; acham-se febris, energizados com seus bilhetes em mãos, gritando o nome de suas crias de apostas (suas opiniões nas quais depositam toda sua coragem, não importando representarem a verdade ou a mentira acreditada), torcendo para que vençam como se a competição, aquela contenda ruidosa porém ilustre, trouxesse o significado jamais encontrado.
Enquanto isso, olho através do vidro semi-embaçado, e deponho em sepulcro a ausência de cores que vi nas disputas que não quis participar. Porque morri ontem, para extrair as cores necessárias a pintar o céu, outrora pálido, com a aquarela das minhas solitárias intenções, agora importantes antes que percam o significado para uma nuvem qualquer.
Autor: Lucas Vinícius da Rosa