Seus olhos estavam esbugalhados, umedecidos pela tristeza incólume, como são inevitáveis os rochedos em abismos, embora tal peso da vida fosse necessária pedra para atingir seu íntimo mais sólido, e mais doloroso. A morte iminente, trazida democraticamente a todos, pelo novelo finito da vida, tecia a seu bel-prazer em imprevisíveis direções. Eis o acaso, tecido frágil da estadia humana, a seguir melhor discorrido: sua família, fatídica sina umbilical que a todos se remete, ensinou-lhe perversamente sobre a gastrite oriunda das perdas próximas; mas, por que não em tamanha e igual intensidade pesamos pelos sepulcros distantes? ele pensou. E aqueles olhos, se falavam, tinham o discurso desta reflexão: “se iniciamos, e aprendemos a amar, e amamos, e seguidamente sofremos, pelo amor ou pela consequência dele, por que o fim se já aprendemos tanto?”. Eis a questão intrigante que me foi proposta, quando abri os olhos e vi que um dia iria fechá-los para sempre.
Autor: Lucas Vinícius da Rosa