Para quem as palavras correm tranquila ou agressivamente, a vida transformou-se em uma intensa ladeira pela qual desciam canções sobre quatro rodinhas. No final da descida, longe da música ser encerrada, deparei ainda adolescente “com cinco malandro em volta da fogueira”.
— Ah! – escutei muito alto “o grito de um homem que falava a verdade, mas ninguém se importava”.
Aproximei-me deles, com roupas sem etiquetas ou qualquer coisa material que lhes pudesse oferecer. Eles me encararam. Contudo, sem descer do skate ou largar os instrumentos das mãos, simplesmente sorriram e tocaram. Afinal de contas, sabiam que “só era triste quem queria”.
O tempo passou. E eu cresci, por vezes me recordando que ainda na vida eu descia, repetidas vezes. Em certo momento, eu já era jovem. Foi quando dei-me conta, sempre que ligava a TV, que “jovem no Brasil não é levado a sério”.
Entre relacionamentos nem tão bem-sucedidos e mulheres cuja existência eram um sucesso, acrescentei ao meu comportamento caso uma destas encontrasse: “proibida pra mim no way”. Isso fortaleceu quem eu sou e o que eu posso. A vida, afinal, é recheada de momentos minúsculos com consequências grandiosas. Assim sendo, num desses momentos, eu tive a certeza de diria a justificar meu presente: “foi quando te encontrei”.
Enquanto classificavam-me como louco, paulatinamente me despreocupei sobre as confusões e incompreensões dos adultos; ora, “só os loucos sabem”. Mentalmente, pegava meu skate. E nele eu subia, descendo os declives que a vida me aprontava, ainda que já tivesse passado “aquele tempo da ladeira, irmão”.
Enquanto cada um dos meus dias passavam, e suas horas transcorriam, “as pessoas ao redor” menos me entendiam. Não importava, de modo algum. Eu gritava foda-se!, já que “meu escritório é na praia”, porém “não sou da sua laia, não”.
Hoje, tenho orgulho de cantar ou escrever como para mim escreveram e cantaram certa vez que “há dias de vida e dias de glória”. Sei que se atualmente não tenho as ambições fajutas que a maioria tem, é porque uma das personalidades “que invadiram a cidade”, ao menos a minha cidade, foi “o último frango da malásia”.
Se “os homens podem falar, mas o anjos podem voar”, hoje um Chorão parou de falar para que pudesse criar asas. Ou talvez já as tivesse. De que outro modo, não sendo “senhor do tempo”, faria com que suas lágrimas em vida fizessem chover sua morte?
Autor: Lucas Vinícius da Rosa