Certa vez, andando pela rua, em pele nua
despertou-me a ideia de que não estou só
suscitou-me o sentimento de ser acolhido,
abrangido, pelas asas de um anjo: Mãe!
Mulher de atitude absoluta, trouxe-me conduta;
e no seu seio, obtive a água do melhor leito,
leite de sustento, branco, lácteo ensinamento,
nutrição de amor, compensação de sofrimento
Se bebi, matei a sede na fonte do nascimento
saciedade umbilical, oriunda de busto de Mãe,
fome alimentada pelo amor mais sincero, terno,
nutriente de erradicação dos erros do filho,
sua cruz, seu acerto, e seu advento convicto
Lágrima sua, de Mãe, mais límpida impossível
afinal é item de emoção verossímel, resoluta
é pranto que abraça à distância, traz alívio
suporta duas sinas ao mesmo tempo, a sua…
e a de seu filho
Translúcida, linda porque entende até o que,
estranhamente, sequer é legível ou visível
mas faz-se entendedora, docente progenitora;
assassina qualquer espécie de analfabetismo
Chama pelo nome de sua prole, até em vão;
precede sua prioridade, e o faz até ingênua;
coisa de Mãe, a última partidária do coração,
afaga o cacho medíocre da sua descendência,
reza por ela, acende uma vela, traz salvação
Sua peregrinação pelo mundo, no entanto,
é longa, é árdua, e ainda alimenta a alma;
andandando descalça para calçar seus filhos,
protegendo dos caçulas aos primogênitos,
dissemina seu amor aos quatro ventos.
Autor: Lucas Vinícius da Rosa